A UFRJ ainda abriga os principais nomes da geografia brasileira contemporânea. Por isso mesmo, sempre que novos livros são publicados por professores do Departamento de Geografia da instituição, diversos vestibulares incluem uma questão sobre a temática abordada nas publicações. A PUC-Rio, especialmente. Sendo assim, vale a pena dar uma lida nesta entrevista, do Prof. Marcelo Lopes de Souza, autor do recém-publicado "Fobópole".
segunda-feira, 16 de junho de 2008
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Xeque Mate
Que a América Latina seja o quintal dos Estados Unidos não é novidade nenhuma para ninguém minimamente informado. Desde o século XIX os interesses políticos e econômicos do tão temido Império do Norte sobre as terras ao sul do Rio Grande são imensos. Tudo começou com a Doutrina Monroe, enunciada por James Monroe no distante ano de 1823, quando os Estados Unidos resolveram colocar um freio na influência européia sobre a América Latina. "A América para os americanos". De cara fica a pergunta: que América para que americanos?
Ao longo de todo o século XIX e XX a influência continuou, mas durante os anos da Guerra Fria os olhares dos Estados Unidos estavam mais preocupados com a situação da Europa. Isso fez, por exemplo, que a IV Frota norte-americana, que navageva pelas águas da América do Sul, tivesse sido desativada.
A Guerra Fria terminou, oficialmente, em 1991. Desde então os Estados Unidos redescobriram a América. A criação do NAFTA e a tentativa de criação da Alca são sinais da retomada do interesse dos Estados Unidos pela região. Em 2000, a criação do Plano Colômbia, também. Mas todo este interesse jamais esteve tão claro quanto agora.
Recentemente foi descoberto, no sul da América do Sul, entre Brasil, Argentina e Paraguai, um gigantesco reservatório de água subterrânea, conhecido pelo nome de Aquífero Guarani. Estudos estimam que a água ali armazenada seja suficiente para abastecer todo o planeta por mais 180 anos! O Brasil, que até outro dia tinha reservas petrolíferas conhecidas totalizando 15 bilhôes de barris, de repente entra para o rol dos maiores detentores de reservas. Já são 60 bilhões de barris e hoje mesmo, dia 13 de junho, a Petrobras anunciou a descoberta de mais um megacampo na Bacia de Santos, a cerca de 5 mil metros de profundidade. Considerando que as reservas dos Estados Unidos não chegam a 30 bilhões de barris e que seu consumo ultrapasse os 7 bilhões ao ano, encontrar tanto petróleo no território de um país tão mais pacífico do que o Iraque ou o Irã é bastante tentador. Tem a Amazônia também, que sempre despertou interesses. E tudo isso num continente em claro processo de esquerdização. Chavez na Venezuela, Corrêa no Equador, Morales na Bolívia, Bachelet no Chile, Lugo no Paraguai, Lula no Brasil...
Diante da situação, os Estados Unidos resolveram arregaçar as mangas e mostrar quem manda na área. Lembra da IV Frota? Pois é... Faz mais ou menos um mês que ela foi reativada e desde então um porta-aviões nuclear com capacidade para 40 aviões de combate está circulando pela costa brasileira. Ameaça de guerra iminente? Ainda não. Mas até quando?
Pensando nisso o presidente Lula tentou articular uma união política dos países da América do Sul. A Unasul - União das Nações Sulamericanas - também tem a pretensão de funcionar como um plano de defesa mútua, como a OTAN, nos tempos da Guerra Fria. Se algum país for ameaçado de guerra na América do Sul, todos os demais seriam mobilizados para a defesa. A União ainda não foi aprovada porque a Colômbia colocou-se contra. Não por acaso, existem forças militares dos Estados Unidos no território colombiano, neste momento, apoiando a luta contra as Farc.
O tabuleiro de xadrez está montado. Os competidores estão apresentando suas estratégias. Torçamos para que não exista a ameaça de um Xeque, porque, neste caso, o Xeque Mate seria certo.
Para ler sobre este assunto, procure a edição de junho do Le Monde Diplomatique Brasil, nas bancas. Ainda não está disponível na Internet.
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