quinta-feira, 29 de maio de 2008

Produção, Consumo e Descartabilidade

Eu poderia escrever muita coisa sobre os impactos da produção industrial sobre o meio ambiente e a sociedade. Poderia escrever também sobre a sociedade de consumo, sobre a criação de necessidades pela propaganda, sobre os bens-de-consumo-duráveis-não-tão-duráveis-assim, sobre geração de lixo... Mas não vou escrever porque este pequeno vídeo de 21 minutos demonstra tudo o que eu escreveria de forma bem mais interessante e ágil.


Assista A História das Coisas (The Story of Stuff).

Nota: recomendado por Antonio Castellar.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Petróleo, Etanol e Preço dos Alimentos

Olimpíada ainda nem começou e dia após dia os jornais noticiam recordes sendo quebrados. O atleta que tem demonstrado todo este vigor atende pelo nome de Petróleo.

O barril do petróleo leve ultrapassou a fronteira dos U$130 nesta quarta-feira. Há um ano o barril custava pouco mais de U$60 e há 4 anos, conforme comprova a fotografia tirada por mim em maio de 2004 (ao lado), os jornais davam destaque à cotação histórica de U$41.

São vários os fatores que contribuem para tamanho crescimento do preço do barril do petróleo. especulação de investidores, grandes catástrofes naturais (como o Katrina, em 2005, que paralizou a produção de petróleo no Golfo do México por algum tempo), conflitos envolvendo países produtores do óleo, instabilidade política e a velha conhecida Lei da Oferta e da Procura.

Não é difícil prever o que acontece quando o aumento da demanda por petróleo, estimulada pelo aumento do consumo de energia em todo mundo - e na China, em especial - não vem acompanhada pelo aumento da oferta. Os principais produtores de petróleo do mundo têm mantido parte de sua capacidade produtiva na ociosidade, a fim de pressionar a alta dos preços e, com isso, acumularem mais divisas. A solução mais simples seria aumentar a produção para atender à demanda e baixar os preços. Isto envolve, no entanto, antecipação do esgotamento das reservas de petróleo e aumento da emissão de poluentes na atmosfera. Não é uma questão simples.

Os biocombustíveis, em especial o etanol de cana-de-açúcar, poderiam atender parte desta demanda por energia. Nos últimos meses, entretanto, foi eleito como vilão do processo de elevação do preço dos alimentos.

O raciocínio simplista decreta que a necessidade de destinar áreas agricultáveis para o plantio da matéria-prima do etanol reduz as áreas com plantio de bens alimentícios. Em geral, raciocínios simplistas mascaram a complexidade das situações.

Aonde eu quero chegar? Bem... será que o Petróleo não teria nada a ver com essa história de alta no preço dos alimentos? Afinal, os fertilizantes utilizados pelas grandes propriedades monocultoras são derivados de petróleo. Os combustíveis utilizados pelos tratores e demais máquinas, também. Os caminhões que levam os alimentos das áreas produtoras e os distribuem para os mercados finais são movidos a diesel, também derivado do petróleo. E o petróleo, como vimos, ficou mais caro. Muito mais caro.

Se até hoje ninguém falou sobre o papel do petróleo nesta inflação do preço dos alimentos é porque existem muitos interesses envolvidos. Moral da história: o petróleo tem muito mais culpa no cartório do que o etanol, mas seus advogados são beeem mais influentes.

Leia sobre a elevação do preço do petróleo aqui.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

A fatia dos mais ricos aumentou

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta quinta-feira, uma pesquisa com resultados surpreendentes. Quem pensava que a redução relativa da pobreza (ocorrida nos últimos anos como resultado do crescimento econômico do país e de programas do governo como o Bolsa Família) poderia diminuir a concentração de renda no Brasil, estava enganado. Os números mostram que 75,4% da renda nacional está concentrada entre os 10% mais ricos da população. É como se 10 pessoas repartissem uma pizza de oito pedaços e uma delas ficasse com seis pedaços, deixando as outras nove com apenas dois.

O que contribui para tamanha concentração de renda? Entre outros fatores destaca-se o sistema tributário. Os impostos têm peso maior sobre a renda dos mais pobres do que sobre a renda dos mais ricos. E a culpa não é só dos impostos diretos, como o IPTU, o IPVA ou o temido Imposto de Renda.

Tente imaginar uma mesa de café da manhã: frutas, pães, queijos e sucos. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, 18% do valor das frutas corresponde a impostos. No caso do pão francês o peso dos impostos sobe para19,7%. Queijos e bebidas não-alcoólicas têm 33% e 45% de seu preço inflacionado por impostos. É muito imposto. E eu, você, o porteiro do seu prédio e o Luciano Huck pagamos os mesmos impostos. Aí fica a pergunta: no bolso de quem estes impostos que incidem sobre o valor de tudo o que compramos terá maior impacto?

Clique aqui para ler mais sobre a pesquisa.

Nota: tema sugerido por Eduardo Miceli.


quarta-feira, 14 de maio de 2008

Terremoto na China

Há dois dias um terremoto de grande magnitude atingiu a província de Sichuan, na região Centro-Sul da China (veja o mapa). Em algumas cidades quase todos os prédios foram destruídos. O acesso à região é dificultado pelos deslizamentos de terra que tornaram necessária a interdição de inúmeras rodovias. Até agora já foram contabilizados mais de 14 mil mortos e os números tendem a aumentar porque agora começam as mortes indiretas, resultantes não mais do desabamento de prédios e outras estruturas e sim do desabastecimento de água, alimentos e medicamentos.

Os terremotos podem ser ocasionados por diversos fatores mas estão, em geral, associados à tectônica de placas. Este terremoto, que atingiu 7,9 graus na Escala Richter, é resultado da colisão da Placa Eurasiana com a Placa Indiana, no norte da Índia (veja a imagem de satélite). O episódio chama a atenção para o fato de os terremotos serem ainda mais destrutivos quando ocorrem em regiões pobres, sem infra-estrutura preparada para resistir aos tremores e desprovidos de uma rede de sismógrafos que possam alertar a população sobre os tremores, ainda que apenas poucos segundos antes de eles atingirem as grandes concentrações urbanas.

Leia sobre este terremoto aqui.

E neste link você tem acesso ao monitoramento de terremotos em todo o planeta, em tempo real.


Nota: o mapa foi retirado do site do jornal O Globo.


sábado, 10 de maio de 2008

Flashback

A boa da última sexta-feira, na Rússia, foi assistir ao desfile militar de 9 de maio, uma celebração da vitória sobre os nazistas na II Guerra Mundial. A grande novidade do ano foi a exibição de armamento pesado, inclusive mísseis intercontinentais. Isso não acontecia desde o desfile de 1990, quando a União Soviética dava seus últimos suspiros.

O uso de atos cívicos para exibição do poderio militar foi prática comum ao longo dos anos da Guerra Fria, aquele período conturbado que se estendeu desde o final da II Guerra Mundial até dezembro de 1991, durante o qual Estados Unidos e União Soviética intimidavam-se mutuamente nos planos político, militar, econômico e ideológico. A intenção era demonstrar que um ataque ao inimigo não era uma boa idéia: o contra-ataque seria imediato e altamente destrutivo.

Parece que, eventualmente, alguns acontecimentos insistirão em lembrar o conflito leste x oeste. No ano passado, ao anunciar o projeto de construção de um escudo anti-mísseis na Europa com o argumento de que ele protegeria o continente de potenciais ataques iranianos, Bush teve que adiar seus planos depois de ouvir do então presidente russo, Vladimir Putin, que a Rússia "tomaria qualquer medida para evitar a construção do aparato". Em outras palavras: "Pode vir quente que eu estou fervendo".

O 'revival' desta sexta-feira chamou a atenção da mídia internacional e deu ainda mais destaque ao primeiro ato público do novo presidente eleito na Rússia. Dimitry Medvedev herdou uma Rússia em situação muito mais confortável do que a encontrada por Putin em 1999. Nos últimos anos, a alta do petróleo e do gás natural garantiu uma revitalização da economia russa. O PIB do país cresceu quase 500% em 7 anos e atingiu a cifra de U$1 trilhão no ano passado.

Clique aqui para ler sobre o desfile militar na Rússia e aqui para ler sobre o mal-estar envolvendo o escudo anti-mísseis.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Estréia cheia de energia

Istmo é uma estreita faixa de terra de comprimento variado, que liga uma ilha a outra ilha, uma ilha a um continente ou um continente a outro continente. Este blog pretende ser um istmo, um elo entre as principais notícias veiculadas pela mídia e o vestibular. Em outras palavras, pretende destacar e discutir notícias que, de alguma forma, possam inspirar questões nos exames de seleção às universidades pela importância de seus temas. O foco, é claro, será a Geografia, em todas as suas abordagens e escalas: política, economia, sociedade, meio ambiente, Rio, Brasil, mundo.

Para começar cheio de energia, com o perdão do trocadilho, destaco a notícia publicada esta tarde no Globo Online: "Cana-de-açúcar supera pela primeira vez energia hidráulica e já é a segunda matriz energética do país.

A principal fonte de energia no Brasil - responsável por cerca de 1/3 do consumo energético nacional - é o petróleo. Até o ano passado, o segundo lugar cabia à energia hidrelétrica. Em 2007, no entanto, o consumo de hidreletricidade foi ultrapassado pelo consumo de etanol.

O aumento do consumo de álcool pode ser associado a diversos fatores: aumento da produção do etanol, elevação do preço do petróleo e forte crescimento da produção de carros bicombustíveis. Além disso, o aumento do consumo de combustíveis foi mais expressivo que o aumento do consumo de energia elétrica, entre 2006 e 2007.

A notícia é das boas. Mostra que o Brasil tem alcançado sucesso na diversificação de sua matriz energética e, melhor, que essa diversificação tem sido alcançada com base em fontes renováveis de energia.

Clique aqui para ler a notícia completa.