Olimpíada ainda nem começou e dia após dia os jornais noticiam recordes sendo quebrados. O atleta que tem demonstrado todo este vigor atende pelo nome de Petróleo.
O barril do petróleo leve ultrapassou a fronteira dos U$130 nesta quarta-feira. Há um ano o barril custava pouco mais de U$60 e há 4 anos, conforme comprova a fotografia tirada por mim em maio de 2004 (ao lado), os jornais davam destaque à cotação histórica de U$41.
São vários os fatores que contribuem para tamanho crescimento do preço do barril do petróleo. especulação de investidores, grandes catástrofes naturais (como o Katrina, em 2005, que paralizou a produção de petróleo no Golfo do México por algum tempo), conflitos envolvendo países produtores do óleo, instabilidade política e a velha conhecida Lei da Oferta e da Procura.
Não é difícil prever o que acontece quando o aumento da demanda por petróleo, estimulada pelo aumento do consumo de energia em todo mundo - e na China, em especial - não vem acompanhada pelo aumento da oferta. Os principais produtores de petróleo do mundo têm mantido parte de sua capacidade produtiva na ociosidade, a fim de pressionar a alta dos preços e, com isso, acumularem mais divisas. A solução mais simples seria aumentar a produção para atender à demanda e baixar os preços. Isto envolve, no entanto, antecipação do esgotamento das reservas de petróleo e aumento da emissão de poluentes na atmosfera. Não é uma questão simples.
Os biocombustíveis, em especial o etanol de cana-de-açúcar, poderiam atender parte desta demanda por energia. Nos últimos meses, entretanto, foi eleito como vilão do processo de elevação do preço dos alimentos.
O raciocínio simplista decreta que a necessidade de destinar áreas agricultáveis para o plantio da matéria-prima do etanol reduz as áreas com plantio de bens alimentícios. Em geral, raciocínios simplistas mascaram a complexidade das situações.
Aonde eu quero chegar? Bem... será que o Petróleo não teria nada a ver com essa história de alta no preço dos alimentos? Afinal, os fertilizantes utilizados pelas grandes propriedades monocultoras são derivados de petróleo. Os combustíveis utilizados pelos tratores e demais máquinas, também. Os caminhões que levam os alimentos das áreas produtoras e os distribuem para os mercados finais são movidos a diesel, também derivado do petróleo. E o petróleo, como vimos, ficou mais caro. Muito mais caro.
Se até hoje ninguém falou sobre o papel do petróleo nesta inflação do preço dos alimentos é porque existem muitos interesses envolvidos. Moral da história: o petróleo tem muito mais culpa no cartório do que o etanol, mas seus advogados são beeem mais influentes.
Leia sobre a elevação do preço do petróleo
aqui.